Sexta-feira, 6 de Outubro de 2006
Estou sincera e profundamente cansada de mim mesma. E, francamente, não entendo como consigo ser o ser mais nefasto, profundo, confuso, etc, etc, etc, e não guardar nada na memória até o pedaço de papel mais próximo.
Epifanias inteiras se perdem como a água nos canos da CEDAE.
Minha vida anda veloz, e eu não faço outra coisa a não ser me lamentar por ela. Sou uma covarde, isso sim.
Deveria agir como a verdadeira comunista que sou: aguerrida, ácida e implacável. Tenho o poder nas minhas mãos de comover as massas, vou mudar o mundo. Sou experiente em minhas microrrevoluções internas, posso muito bem maximizá-las. Hão de tremer aos meus pés aqueles que me subjugaram, se Deus assim o permitir! Pois certamente Ele está me olhando, e se não me aprova, ao menos compreende os meus motivos, e me deixa agir livremente antes do meu acerto de contas. Certamente os céus me espreram, não com louros de vitória, mas sim com uma bacia de água morna, para repousar meus fatigados pés de vingadora.Terei lutado furiosa e lealmente pelo correto e pelo justo, e mesmo condenada, estarei de consciência apaziguada, por ter ao menos deixado os meus filhos com saúde e minha lembrança...
Ou não.
Talvez seja isso o que eu queria ser, e não tenho tamanho, competência, fibra, caráter (que seja!), para concretizar.
Ou Deus tenha escolhido o agora para corrigir minhas falhas de outrora, mas acho que não tenho a alma pronta para essa verdade agora. Talvez por isso essa mente deteriorada.
Dizem que a memória de degrada na velhice. Levando em conta esse critério, quanto tempo ainda tenho de vida?